“Batman: O Cruzado Encapuzado” vai fundo nas raízes do personagem

A animação é baseada nas origens do herói e no cinema noir
O fã que for assistir a nova animação do Batman, “Batman: O Cruzado Encapuzado”, esperando uma continuação de “Batman: A Série Animada”, vai levar um susto.
Em comum com sua predecessora, apenas duas coisas: a presença do produtor Bruce Timm e a ambientação retrô de Gotham City. Aliás Timm ganha o reforço dos diretores e produtores Matt Reeves e J.J. Abrahams e de Ed Brubaker, roteirista excelente que passou pela Marvel, criando histórias do Demolidor e Capitão América.
Mas se na “Série Animada” Gotham tinha apenas um ar da década de 1940 e estava nos dias atuais, aqui ela finca o pé no passado sem medo.
A ideia foi apresentar as origens de Batman e suas primeiras aventuras, que eram baseadas nos pulps e histórias de detetives.
Por isso, o fã vai se deparar com histórias policiais no estilo do cinema noir, com cenários escuros, esfumaçados, uma polícia corrupta e assassinos misteriosos. Aliás, a própria abertura da série é a representação máxima dessa estética.
Uma outra característica das tramas do Homem-Morcego dessa época que está presente são os temas sobrenaturais, quase resvalando no terror.
Como esse foco no passado, as máquinas fotográficas, televisores em preto e branco, telefones de fio são a tecnologia presente. Nada de celulares, internet e computadores.
O Homem-Morcego conta apenas com sua inteligência, seu físico e a ajuda inestimável de Alfred, seu único interlocutor.
Falando no herói, ele nunca foi representado tão humanamente como nessa versão. Ele é menos musculoso, menos hábil e sofre golpes com mais frequência do que o Batman ao qual estamos acostumados.
E Bruce Wayne é muito mais contido, mais seco e inclusive, no início distante até mesmo em relação a Alfred, que aliás, mantém-se como o esteio do patrão, sendo um dos destaques dessa primeira temporada.
O interessante é que, por enquanto, a população de Gotham em sua maioria não aprova as ações do Cavaleiro das Trevas, tratando-o como um justiceiro que deveria ser preso.
Uma mudança crucial em relação a outras séries do Batman, é que nessa a violência não é apenas sugerida. Os tiros matam de verdade e são mostradas torturas.
Muitas alterações também foram feitas em relação aos personagens de apoio.
Enquanto o Comissário Gordon foi mantido com suas características essenciais, outros trazem novas roupagens: Bárbara Gordon é uma advogada criminalista, Renne Montoya já é uma detetive estabelecida, Lucius Fox agora é advogado de Bruce Wayne e a nova versão do detetive Bullock é uma surpresa para os fãs mais antigos.
Sem dar spoilers, mas o fã de Batman poderá ver na série uma grande homenagem aos vários Robins. Mas não há nenhuma pista se veremos no futuro algum companheiro para o herói.
Alguns dos vilões dessa temporada foram escolhidos para que coubessem dentro das duas temáticas da animação, a policialesca e a sobrenatural. Há também uma interessante mistura de vilões clássicos do Batman com alguns mais recentes.
Nas tramas de caráter policial, destaque para o Duas-Caras e uma divertida Mulher-Gato. A Arlequina é apresentada de uma maneira que vai surpreender os fãs. O Cara de Barro também aparece, mas sua história é mais próxima da sua origem convencional.
Destaque também para a presença do Onomatopéia, vilão criado em 2002 pelo cineasta e roteirista Kevin Smith para a minissérie em quadrinhos do Arqueiro Verde.
Sobre as histórias com viés sobrenatural, há a presença do clássico Fantasma Fidalgo, aqui mais ameaçador, e de Noturna, uma personagem que teve várias versões nos quadrinhos, inclusive como interesse amoroso de Batman, mas que aqui é mostrada como uma adolescente.
Há a participação do policial Jim Corrigan, que o fã da DC já aguarda para as próximas temporadas, por saber quem é esse personagem. Se não sabe, Tribal, procure já.
O único senão é a versão do Pinguim, que aqui é uma mulher, Oswalda Cobblepott. Apesar de ser divertida, não se encontra uma justificativa para essa mudança. Se Batman não tivesse em sua galeria de vilões oponentes femininas fortes, até se entenderia. Mas não é o caso. Até agora não conseguimos entender um motivo plausível para a mudança.
Trata-se de uma série interessante e que mostra um Batman diferente de tudo o que já foi feito com o herói.
Fosse uma história do chamado Elseworlds, até que não seria estranho.
Aprovamos e acreditamos que o fã do herói vai gostar muito.
A animação está disponível no Prime Video.