Tenho medo de James Gunn

Diretor é criativo, mas algumas escolhas me parecem estranhas
Ninguém pode negar a competência de James Gunn como diretor.
Ele tornou os Guardiões da Galáxia conhecidos, em filmes que são um entretenimento divertido e honesto. Isso considerando que o grupo não tinha grandes atrativos até para os fãs mais ardorosos da Marvel.
Além disso, Gunn é fã de quadrinhos, de rock e de pop e tem a noção do que o fã espera.
Tudo isso poderia encher o fã da DC e de cultura pop de grandes expectativas.
Mas confesso que tenho um certo receio sobre sua condução do Universo DC. E isso ocorre mais pelo perfil do diretor do que pelo seu conhecimento e capacidade.
Justifico.
Gunn gosta de personagens outsiders, desajustados, quase esquisitos. Por isso casou tão bem com os Guardiões, grupo tão disfuncional quanto improvável.
Quando foi para a DC, Gunn quis dirigir o segundo filme do Esquadrão Suicida, que reúne tipos desacertados bem ao seu gosto. Ele então apostou suas fichas em personagens como o Pacificador (que viria a ganhar sua própria série), Doninha, Homem-Bolinha e no inimigo mais estranho da Liga da Justiça como ameaça principal, que foi Starro, o Conquistador.
Depois, ao assumir como CEO da DC Studios, algumas de suas escolhas me fizeram ficar em alerta.
Dos pesos pesados da DC, apenas Superman e Batman estão com seus projetos encaminhados no cinema. Os Lanternas Verdes passarão por um “pedágio”, quase um teste, não indo diretamente para o cinema e sim estrelando uma série de TV. A Mulher-Gavião fará sua estreia no Universo DC no filme do Superman. Por enquanto, nada de Flash, Aquaman, Mulher-Maravilha, Arqueiro Verde ou Liga da Justiça.
Seus planos mais imediatos reúnem somente personagens de segundo escalão. Guy Gardner é o Lanterna que irá aparecer no filme do Superman junto com outro herói somente conhecido por fãs de quadrinhos, o Metamorfo.
Outro projeto estranho é a animação do Comando das Criaturas, que fará parte desse universo. Mais um grupo esquisito formado por monstros e personagens estranhos a serviço do governo. Além disso, vem ai a segunda temporada da série do Pacificador.
Semanas atrás, Gunn sugeriu que gostaria de ver um filme do Monstro do Pântano, outro personagem de caráter incomum e que, convenhamos, não é um nenhum campeão de popularidade.
No filme do Batman, que se chamará Batman: the Brave and the Bold, o CEO optou por escolher Damian Wayne, o Robin filho do herói. Damian é um personagem que divide opiniões, sendo muito conflituoso. Mais uma escolha preocupante.
Não duvido de que Gunn possa fazer um filme maravilhoso do Superman. A escolha dos atores e o tom adotado parecem estar numa ótima direção.
Porém, como já dito, tenho um pé atrás justamente por conta da opção feita por alguns dos primeiros projetos. Não vejo sentido em reiniciar um universo inteiro e tão importante com personagens totalmente ausentes de carisma e com um reduzido número de fãs. Tenho dúvidas de que eles possam compor um universo interessante, ainda mais quando os grandes personagens finalmente derem as caras.
Uma pena, pois a DC possui um rico acervo de personagens, alguns quase lendários.
Talvez o CEO queira repetir a fórmula dos Guardiões, sinal de que ele confia bastante no seu taco. Mas rumores dizem que a Warner não ficou satisfeita com o primeiro trailer de Superman.
Espero que ele queime minha língua e que seja um sucesso tremendo. Mas por enquanto, meu otimismo deu uma recuada considerável.
Veremos.